27 de junho de 2011

Mulher, mulher, mulher...



Todos os anos durante o carnaval, temos presente mulheres que se sobressaem, seja por sua beleza, seja por estar presidindo uma agremiação, mas a história recente do carnaval nos mostra que nem sempre foi assim. 

Nos tempos de cordão, a figura da mulher era quase inexistente, por conta da repressão policial sofrida por aqueles que saiam as ruas para brincar o carnaval, em sua maioria homens negros, estes homens tinham medo que as mulheres, sofressem algum tipo violência.  A atuação da mulher limitava-se apenas a organização dos cordões e folguedos.

O Grupo Carnavalesco Barra Funda, surgido em 1914, trouxe mulheres em seu desfile pela primeira vez somente no ano de 1921. Elas continuavam trabalhando na organização e também assumiram os ensaios da ala mirim. Também saiam em alas perfiladas, com trajes parecido a das baianas. 

A primeira mulher a ganhar destaque dentro da agremiação foi Dona Sinhá, conhecida como a Matriarca do Samba, foi esposa de Seu Inocêncio fundador do Camisa Verde e Branco. Nascida Cacilda Costa, Dona Sinhá, foi a primeira mulher a desfilar como contra baliza, no cordão carnavalesco Vai-Vai, posto dirigido somente a homens. Remonta a história também que Dona Sinhá e Dona Dulce cozinheiras de mão cheia, juntamente com outras mulheres do cordão, faziam jantares para angariar fundos para a compra de tecidos para a confecção das fantasias.

Outra pioneira foi Regina, tocando ganzá na furiosa se tornou a primeira mulher a tocar um instrumento dentro de uma bateria de escola de samba, em 1974.

De lá pra cá, muita coisa mudou, atualmente a mulher tem papel de destaque na sociedade e no carnaval não seria diferente. Não dá para imaginar um desfile de escola de samba sem elas, hoje a mulher, é rainha, musa, intérprete, carnavalesca, presidente. Porém dessa evolução sobreveio uma invasão de “celebridades” nos desfiles, vemos por aí muitas vezes, mulheres pagando para ocupar postos à frente de uma bateria, (lembrando que isto nem é quesito, tampouco contará pontos a escola), buscando alguns minutos de fama, para quem sabe alcançar a capa de uma revista masculina, renegando completamente ao verdadeiro sentido de uma escola de samba. Esse modelo importado do Rio de Janeiro parece que tem feito à cabeça dos presidentes em São Paulo, porém não vamos esquecer aquelas meninas que ralam o ano todo na escola, servindo como exemplo para os mais novos, honrando o nome daquelas que vieram antes de nós e lutaram para que tudo isso fosse possível, senão toda esta luta terá sido toda em vão.

Salve Dona Sinhá, Mãe Cleusa, Vivi, Dona Duda...!





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